terça-feira, 10 de julho de 2007

O labitinto de ontem e hoje

Se você buscar a palavra “labirinto” na Internet, e não tiver muita paciência e deliberação, certamente se perderá entre as milhares de páginas, em todos os idiomas, dedicadas ao tema sob todas as formas.

O labirinto está na mitologia, na História, na literatura, no cinema, na música, nas artes plásticas, na arquitetura, nas brincadeiras infantis.

Escritores como James Joyce e Jorge Luis Borges construíram sua obra tendo como base o signo do labirinto.

No cinema, podem ser lembrados filmes como o recente Amnésia e sua linguagem tortuosa, e como o clássico O Iluminado, de Stanley Kubrick, cujas seqüências de maior suspense e beleza plástica ocorrem em um labirinto formado por arbustos.

Belíssimos labirintos vegetais também adornam vários parques principalmente na Europa, sendo sempre citados os jardins de Versalhes. Ao contrário dos labirintos clássicos, que metaforicamente passaram a designar situações complicadas, perigosas ou sem saída, os labirintos decorativos, feitos de cerca viva, remetem ao lúdico, ao prazer.

Mas é nos videogames que o labirinto contemporâneo encontra seu mais fiel representante, e a Internet também se encarrega de mostrar isso. Aliás, a Internet é o próprio labirinto, considerando que o princípio básico do volume caótico de informações (caminhos, sendas, meandros) é oferecer sempre uma saída, seja qual for.

Um dos símbolos da civilização que mais fascina o homem, o labirinto é estudado há séculos.

Já são 4.500 anos de história. Os primeiros labirintos foram construídos no Egito no período do Antigo Império, em entradas de palácios, fortes e tumbas. Se uma entrada de palácio era guardada por uma passagem ziguezagueante, tornava-se mais fácil defendê-la. No caso de uma tumba, dificultava o acesso à câmara mortuária ou ao tesouro.O maior labirinto de todos os tempos foi construído por Amenenhat III em cerca de 1.800 a.C. Ainda existia quando Heródoto (484-425 a.C.) visitou-o. Tinha umas três mil salas ligadas entre si por um sistema de passagens tão intrincado que, sem um guia experiente, ninguém conseguia escapar da desorientação total. Esta fantástica estrutura é reputada também por ter dado a Dédalo, o mítico arquiteto e inventor ateniense, a inspiração para construir o Palácio de Knossos, em Creta.

Quando o palácio foi escavado por Sir Arthur Evans, no início do século 20, encontrou-se o símbolo religioso da dupla machadinha. A antiga palavra grega correspondente a este tipo de machadinha era “labrys”. A descoberta aparentemente confirmava não apenas a existência do palácio como o lugar da lenda, como também a derivação da palavra “labirinto”, significando um complexo de salas e passagens fáceis de serem atingidas mas quase impossíveis de serem deixadas.

Linhas labirínticas foram usadas como desenho em amuletos e moedas muito antes e muito depois que o Palácio de Knossos fosse destruído por um terremoto, em l.600 a.C. E os romanos também se encarregaram de espalhar pela Europa belos exemplares de labirintos ainda de pé, como os de Harpham e Caerlon, nas Ilhas Britânicas. Durante a Idade Média, desenhos labirínticos começaram a aparecer nas paredes e assoalhos das igrejas. Os melhores remanescentes estão nas igrejas da Europa, especialmente na França (Chartres) e na Itália (Lucca). Uma das teorias sobre o propósito dos labirintos nas igrejas é a de que serviam para lembrar os crentes das provações e tentações que fazem difícil o caminho dos céus. Outra, é a de que eram um substituto das peregrinações à Terra Santa o fato de serem chamados de “Caminhos de Jerusalém” parece confirmar isso. Em vez de os peregrinos fazerem a perigosa viagem como penitência, andavam de joelhos ao redor do labirinto. Ou, se era um labirinto de parede, traçavam paciente e demoradamente o plano de saída com o dedo.

Os antigos labirintos encontrados nos campos, eram para o entretenimento das crianças. Mas podem ser restos de um jogo adulto, caído em desuso devido à grande quantidade de terra que cobriam.

A tribo dos malekulas, da Melanésia, é um exemplo curioso da presença atual do labirinto na cultura de um povo. “Eles dizem que quando uma pessoa morre encontra uma velha na porta. A velha desenha um labirinto na areia e o apaga. A pessoa tem que refazer o desenho idêntico. Se consegue, é porque teve a capacidade de compreender sua vida e a de seu povo.”

3 comentários:

Clara Luiza Miranda disse...

Ver também o 'O jogo de amarelinha' de julio Cortazar

Clara Luiza Miranda disse...

Ele é a fera. Touro que é um homem e cuja estranha / Forma plural dá horror à maranha / De interminável pedra entretecida. Ele – de estranha forma plural. De estranha morada plural.

Qual a imagem do Minotauro, senão a imagem do Outro? O Minotauro é o Outro.
SEGUNDO Fabiano dos Santos, O MINOTAURO EM SEU LABIRINTO
- a experiência como uma viagem de formação ou a aprendizagem do desaprender

Labirinto Sagrado disse...

Conheça o blog: http://labirintosagrado.blogspot.com
Salve os labirintos!
Salvem os labirintos!